Acidente da Voepass: comissão da Câmara aprova relatório que cita 'canibalização' de aeronaves e hesitação da Anac

  • 13/08/2025
(Foto: Reprodução)
Visão aérea do avião da Voepass após acidente Reprodução A comissão externa da Câmara criada para acompanhar as investigações do acidente da Voepass aprovou nesta quarta-feira (13) um relatório que cita uma "canibalização" e situação precária dos aviões da empresa, além de uma atuação "hesitante" da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). A aeronave decolou de Cascavel (PR) e caiu em Vinhedo, interior de São Paulo, em agosto do ano passado. Todas as 62 pessoas a bordo morreram. Em nota, a Voepass disse que o acidente foi o episódio mais triste nos mais de 30 anos da história da empresa. A companhia disse ter como prioridade o apoio aos familiares das vítimas e que está dedicada à "resolução das questões indenizatórias". A empresa também destacou que a investigação de um acidente aéreo é um "processo complexo" (leia a íntegra aqui). Conforme o relatório, a "canibalização" diz respeito a falhas na manutenção de aviões por parte da Voepass, com reaproveitamento de peças de um avião para consertar outro. O parecer da comissão externa, elaborado pelo deputado Nelsinho Padovani (União-PR), concluiu que o mau tempo foi um dos fatores que contribuiu para o acidente, mas que isso não pode ser levado em conta individualmente, já que outras aeronaves passaram pelo mesmo local sem problemas. “Há elementos que apontam para a prática de 'canibalização' de aeronaves e ainda, suspeita de que a documentação oficialmente apresentada pela empresa quanto à manutenção das aeronaves não correspondia a situações de fato encontradas”, afirmou o relator. O parecer diz que o avião não poderia ter tido autorização para decolar, porque existem elementos que indicam que o sistema degelo operava de forma inadequada. O relator cita ainda denúncias sobre as condições precárias das aeronaves da empresa, “indicando uma manutenção negligente”. “Portanto, não se pode afastar a hipótese de fatores materiais terem contribuído para o acidente com o Voo 2283 da Voepass, particularmente diante dos indícios considerados imediatamente antes, dentre outros, do mau funcionamento dos sistemas de proteção contra gelo da aeronave, a que se somam notícias e declarações sobre o mau estado geral das aeronaves daquela empresa”, conclui o parecer. Anac hesitante Cerimônia marca 1 ano da queda de avião da VoePass em Vinhedo (SP) O deputado afirmou que a Anac teve uma atuação “no mínimo hesitante” e avaliou que a agência reguladora também teve participação na tragédia. Em seu parecer, Padovani disse que a Anac não fiscalizou a Voepass “com o devido rigor” antes do acidente. “Não é crível que essa empresa tenha chegado à situação que levou ao cancelamento do seu Certificado de Operador Aéreo somente após essa ocorrência”, declarou. "Juntem-se a essas considerações às inúmeras notícias na imprensa nada abonadoras sobre a Voepass e suas aeronaves; tudo deixando a impressão que falta apetite – pelo menos faltava até antes do acidente – à Anac para fiscalizar a fundo a Voepass", completou. Projetos propostos O relatório ainda sugere o protocolo de dois projetos de lei, um deles voltado justamente ao aprimoramento de fiscalização da Anac. Se aprovada a proposta, a agência poderá “instituir regime especial de fiscalização de segurança operacional” para reduzir riscos operacionais desde que identificadas inconsistências recorrentes no desempenho de ações de segurança. “Não é razoável supor que uma empresa de transporte aéreo adote comportamento mais imprudente do que o habitual no contexto de uma operação assistida, na qual servidores do órgão regulador acompanhavam, de perto, o dia a dia da empresa. A triste realidade é a de que os problemas estruturais da Voepass vinham de longa data, e nem mesmo a vigilância próxima foi capaz de saneá-los”, concluiu o relator. Outro projeto que deve ser protocolado cria um "Comitê de Cooperação" entre instituições públicas e privadas para atendimento a vítimas e familiares de vítimas de acidentes aéreos. Nota da Voepass Leia íntegra da nota divulgada pela assessoria da Voepass: No dia 9 de agosto de 2024, vivemos o episódio mais difícil de nossa história. A queda do voo 2283, na região de Vinhedo (SP), resultou em perdas irreparáveis. Um ano depois, seguimos solidários às famílias das vítimas, compartilhando uma dor que permanece presente em nossa memória. Em mais de 30 anos de operações na aviação brasileira, jamais havíamos enfrentado um acidente. A tragédia nos impactou profundamente e mobilizou toda a nossa estrutura, humana e institucional, para garantir apoio integral às famílias, nossa prioridade. Nas primeiras horas após o acidente, formamos um comitê de gestão de crise e trouxemos profissionais especializados — psicólogos, equipes de atendimento humanizado, autoridades públicas, seguradoras, além de suporte funerário e logístico. Temos atuado de forma transparente junto às autoridades públicas e seguimos fortemente dedicados a resolução das questões indenizatórias o quanto antes, neste aspecto com estágio bastante avançado das indenizações restantes. Mantemos o suporte psicológico ativo e continuamos apoiando homenagens realizadas pelas famílias ao longo deste ano. Nos solidarizamos com toda a forma de homenagem às vítimas do acidente. Sobre a apuração das causas do acidente, reiteramos nossa confiança no trabalho do CENIPA, com o qual temos colaborado desde o início das apurações, e reforçamos que a investigação de um acidente aéreo é um processo complexo, que envolve múltiplos fatores e requer tem po para ser conduzida de forma adequada. Somente o relatório final do CENIPA poderá apontar, de forma conclusiva, as causas do ocorrido. Cabe lembrar que o relatório preliminar divulgado pelo órgão em setembro de 2024 confirmou que a aeronave do voo 2283 estava com o Certificado de Verificação de Aeronavegabilidade (CVA) válido, e com todos os sistemas requeridos em funcionamento. A atuação da empresa esteve sempre pautada em padrões de segurança internacionais, contando inclusive com a certificação IOSA, um requisito de excelência operacional emitido apenas para empresas auditadas IATA, além de ter o acompanhamento periódico da ANAC como agência reguladora. Em três décadas de atuação, em um setor altamente regulado, a segurança dos passageiros e da tripulação sempre foi a prioridade máxima da companhia. Agimos sempre com responsabilidade, humanidade e empatia. Nossa solidariedade permanece firme e com respeito e sensibilidade a dor dos familiares das vítimas, e com toda a sociedade brasileira. VOEPASS Linhas Aéreas

FONTE: https://g1.globo.com/politica/noticia/2025/08/13/acidente-da-voepass-comissao-da-camara-aprova-relatorio-que-cita-canibalizacao-de-aeronaves-e-hesitacao-da-anac.ghtml


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