Diante de preços abusivos para COP30, 17 escolas em Belém passam por reformas para servir de hospedagem
15/08/2025
(Foto: Reprodução) A menos de 3 meses para COP-30, Belém está às voltas com obras e preços abusivos na hospedagem
Faltam menos de três meses para a COP-30 e a cidade-sede, Belém, ainda está às voltas com obras e preços abusivos na hospedagem.
Uma escola estadual de tempo integral ganhou pintura nova e passou por reformas no refeitório e nos banheiros. O pátio será adaptado como vestiário. Segundo o Governo do Pará, 17 unidades vão oferecer cerca de 4 mil vagas de hospedagem durante a Conferência do Clima da ONU.
Em outra escola, em novembro, as salas de aula vão virar dormitórios. As carteiras serão substituídas por beliches para alojar representantes da sociedade civil. Ao todo, 260 pessoas devem se hospedar ali, distribuídas em 15 salas adaptadas.
O custo da hospedagem na capital paraense deixou de ser apenas um desafio logístico e virou ponto central no debate sobre o sucesso do evento. Nas plataformas de hospedagem, há apartamentos cobrando mais de R$ 900 mil para os 11 dias da conferência. Um hotel cobra quase R$ 80 mil pelas diárias.
Diante dos preços exorbitantes, a Defensoria Pública do Pará recomendou que plataformas de hospedagem notifiquem os anunciantes sempre que o valor para os 10 dias da COP ultrapassar três vezes a média da alta temporada ou o padrão de mercado. Quem não cumprir a recomendação em 48 horas terá o anúncio excluído.
Diante de preços abusivos para COP30, 17 escolas em Belém passam por reformas para servir de hospedagem
Reprodução/TV Globo
"Quando você tem uma hospedagem, o valor de 30, 40, 50 vezes a hospedagem, o valor médio, o valor padrão, de fato, você está diante de uma prática abusiva e deve haver responsabilidade", afirma Cássio Bitar, defensor Público do Pará.
Segundo o Observatório do Clima, faltou planejamento do Governo Federal para evitar a crise da hospedagem.
"Nas outras COPs os preços eram diferentes, bem mais acessíveis e mais do que isso, você tinha uma organização melhor dessas hospedagens... como, por exemplo, plataforma do próprio governo que estava hospedando a COP, direcionando esses aluguéis mais baratos para aqueles países que precisam pagar menos. O governo parece que está se movimentando só agora", comenta Márcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima.
O governo do Pará prometeu reservar mais de 2 mil para receber delegações de até 15 pessoas, com diárias de 100 a 200 dólares, para os países com renda menor e até 600 dólares para aquelas com maior capacidade econômica.
Delegações estrangeiras já alertaram que, se a situação não for resolvida, podem reduzir suas equipes ou até cancelar a participação na COP.
"Esses países que chegaram a afirmar que estão tendo alguma dificuldade, o governo brasileiro vai atuar pessoalmente com cada um deles para ajudar, se for necessário até mesmo fazer a intermediação das locações que as suas delegações vão se hospedar na cidade de Belém", afirmou Celso Sabino, ministro do Turismo.
