Um ano após onda de incêndios, Gaema cita reforço em ações, mas pede apoio da população: 'Vigie'
17/08/2025
(Foto: Reprodução) Qualidade do ar em Ribeirão Preto, SP, está em estado de alerta
Quase um ano depois de uma onda de incêndios que destruiu vegetações nativas e plantações, além de deixar moradores em pânico no interior de São Paulo, as autoridades ambientais garantem ter reforçado as ações preventivas para a chegada da estiagem, mas também pedem o apoio dos moradores.
Além da conscientização para práticas simples, como não descartar materiais inflamáveis em áreas potenciais, a recomendação é de denunciar os responsáveis, para que eles possam responder criminalmente e inclusive serem presos por até seis anos, segundo a promotora de Justiça Cláudia Habib, do Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente (Gaema) de Ribeirão Preto (SP).
"Qualquer pessoa que é surpreendida ateando fogo, (...) a gente pede ajuda da população que vigie, que mande vídeos, fotos para a imprensa, para o Ministério Público, mesmo que anonimamente, imediatamente é instaurado inquérito civil e também enviado para a delegacia de polícia para instauração de inquérito policial", afirma.
✅Clique aqui para seguir o canal do g1 Ribeirão e Franca no WhatsApp
No segundo semestre de 2024, o interior de São Paulo, principalmente em regiões como a de Ribeirão Preto, registrou número recorde de focos de incêndio.
Com o pior número de focos de incêndio desde 2012, agosto terminou com 658,6 mil hectares de vegetações e plantações no estado de São Paulo destruídas pelo fogo, de acordo com um levantamento divulgado pela Associação dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de São Paulo (Canaoeste).
Fogo em área de floresta na região de Ribeirão Preto .
Divulgação/Defesa Civil
Deste total, quase a metade - 328,2 mil hectares, o equivalente a cinco vezes o tamanho do município de Ribeirão Preto - foi atingida em um único dia, 23 de agosto, segundo a entidade.
🔎Na época, as autoridades apontaram que isso ocorreu principalmente por conta de uma somatória crítica de condições chamada de triplo 30, ou seja, quando a umidade relativa do ar está abaixo dos 30%, as temperaturas estão acima dos 30 graus e os ventos estão com velocidade de mais de 30 km/h.
Colheita antecipada e patrulhamento
É nesse cenário de chuvas cada vez mais escassas, de umidade relativa do ar começando a atingir níveis mais críticos e a expectativa de aumento das temperaturas que diferentes órgãos públicos garantem estar reforçando providências preventivas, sobretudo entre agosto e setembro. Segundo a promotora de Justiça, entre elas estão:
patrulhamento e fiscalização em rodovias cercadas por canaviais, inclusive com utilização de drones;
limpeza de materiais com potencial de combustão nas margens das rodovias;
antecipação da colheita da cana em áreas de risco apontadas pelo Corpo de Bombeiros
"Também temos todas as defesas civis dos municípios fortemente treinadas, capacitadas pelo Corpo de Bombeiros, equipadas e fazendo vigilância e monitoramento diuturnamente, juntamente inclusive com os proprietários rurais", diz Cláudia.
Fogo em canavial cria nuvem de fumaça às margens da Rodovia Anhanguera, perto da cidade de Orlândia, no interior do estado de SP (19 de agosto)
Guilherme Veiga/Uai Foto/Estadão Conteúdo
LEIA TAMBÉM
Carro furtado e incendiado pode ter motivado fogo em canavial que causou pânico em moradores de Ribeirão Preto
Em 1 dia, fogo consumiu área equivalente a 460 mil campos de futebol em agosto, aponta Canaoeste
Coordenador de campo de uma vinícola em Ribeirão Preto, Fabiano Batistel também menciona a preocupação, principalmente de quem está mais próximo da zona rural. Na propriedade, além da adoção dos chamados "aceiros" - faixas de terreno com vegetação removida para evitar a propagação do fogo -, a equipe de segurança foi orientada a fazer rondas preventivas para evitar focos de incêndio.
O que ocorreu em 2024, quando as chamas se aproximaram da vinícola, ficou de lição para este ano.
"Assusta muito, até porque o risco iminente sempre há, principalmente agora com essa seca. Nós temos toda a parte de videira, a parte de oliveira. É uma época muito seca, então a gente intensifica os aceiros. O nosso caminhão fica muito mais em alerta. (...) E a gente tem a brigada de incêndio, tem o pessoal todo preparado aqui", diz.
Veja mais notícias da região no g1 Ribeirão Preto e Franca
VÍDEOS: Tudo sobre Ribeirão Preto, Franca e região